quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Inocente II


Uma vez a Camila me disse:


– Depois que você vai presa, pode implorar, chorar, que ninguém acredita que você é inocente. Que nem aquela menina outro dia, que foi presa porque “deu mamadeira com droga pro bebê”. Aí quando descobriram que não era droga, era amoxilina, ela já tinha quase morrido na cadeia, já tinha ficado cega de tanto as meninas baterem. E ele nem morreu da amoxilina, morreu da doença que ela tava tratando com amoxilina. 


Ela falava pra elas assim: “nem eu uso droga, como eu ai dar pro meu filho? Nunca, nunca!”. E elas não queriam saber, batiam. Estouraram os tímpanos dela. Eu entrei em pânico de ver aquele desespero dela. E você pode gritar “não fui eu, não fui eu”. E ninguém acredita. As presas e os policiais. Ninguém. E ela era inocente. 

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